Testes de Comportamento Canino para cães PET Parte 5: Resumos e Comparações
- Haroldo Fala
- 18 de jun. de 2024
- 8 min de leitura
Atualizado: 30 de set. de 2024
Finalmente, vamos ao que interessa a muitos de vocês que tem acompanhado esse artigo em partes: a comparação das três provas de comportamento para cães pet; o CGC, SPOT e o TCS.
Para facilitar nossa análise comparativa, criei tabelas que resumem certos aspectos das provas, e ilustram uma comparação de cada prova com as demais. Tentei compilar todos os aspectos mencionados em cada regulamento e apresentar as informações de maneira fácil de absorver, espero que tenha conseguido.
Vamos começar então com uma tabela de informações básicas:

Aqui vemos algumas informações básicas sobre cada prova. O TCS é a única que menciona uma idade mínima proibitiva, o SPOT apenas recomenda que o cão seja vacinado e recomenda 6 meses de idade, enquanto o CGC apenas exige que o cão se encaixe em outros pré requisitos, optando por não mencionar a idade do cão.
Por outro lado, o SPOT é a única prova que determina uma idade mínima para os humanos participantes da prova: os condutores dos cães durante os exercícios. Com o extenso programa de condutores júnior nos ringues de conformação de cães, me surpreende que o CGC não mencione idade do condutor! No quesito avaliadores, vemos que tanto SPOT quanto CGC oferecem cursos para formação de avaliadores, cada um com suas exigências para que uma pessoa se qualifique para a formação, incluindo horas de cursos de formação em adestramento, horas de treino e voluntariado, e no caso do SPOT uma redação! Ambos os cursos são pagos. Para o TCS apenas quem já é árbitro de conformação ou outros esportes sancionados pode se tornar avaliador do TCS, fazendo com que o número de avaliadores seja bem menor que das outras duas provas.
Todas as 3 provas falham automaticamente cães que apresentam agressividade, e SPOT e CGC também desclassificam cães que se aliviam durante, ou no local de prova, com apenas o TCS mencionando cães ansiosos ou nervosos como característica desclassificatória no regulamento: enquanto no CGC essa informação apesar de ser a mesma, só aparce no manual do avaliador.

Na segunda tabela de informações básicas temos uma pequena explicação de como cada prova é avaliada. No CGC e TCS existem apenas duas possibilidades para cada item de teste, e para a prova como um todo, sendo elas “aprovado” ou “reprovado” enquanto o SPOT utiliza um sistema classificatório (os critérios para cada classificação é melhor explicado na sua aplicação a cada item de teste na parte 3 deste artigo)
Também temos aqui o que você ganha ao passar em cada prova, o que é opcional ou pago à parte, ou incluso no preço da prova.

Nesta terceira, e última tabela de informações básicas sobre cada prova, temos o que consta em cada regulamento sobre cadelas no cio participando das provas, onde para o CGC e SPOT elas podem sim ser avaliadas no mesmo dia e local que outros cães, contanto que fiquem por último, sem menção sobre o assunto no regulamento do TCS.
Ambos o CGC e o SPOT mencionam (e no curso para avaliadores do CGC também incluem exemplos de) modificações ao exercícios para acomodar tanto cães quanto pessoas deficientes. O TCS não faz menção a acomodações para PCD ou cães deficientes.
O local de prova para o CGC e SPOT são determinados pela possibilidade de poder executar os exercícios descritos na prova, enquanto para o TCS é necessário um local designado pelo CNA ou em eventos homologados pela CBKC.
Quanto aos preços da prova, ambos o CGC e o SPOT deixam a critério do avaliador certificado pelo kennel clube, cobrando apenas pela emissão do título ou certificado. Para o TCS não encontrei informações oficiais sobre preços e o tópico não consta no regulamento, porém sei que o preço de R$200,00 foi pago por vários conhecidos meus que fizeram a prova no Brasil no começo do ano, logo após o "lançamento" do certificado.

Nesta tabela de pré requisitos, temos alguns critérios. O primeiro é a necessidade de ter registro no kennel clube criador da prova. Para o SPOT e CGC, não é necessário que o cão tenha registro no UKC ou AKC para participar da prova: apenas para que o título ou certificado seja emitido - que é opcional.
Para as provas estrangeiras, tanto cães de raça, quanto vira-latas podem fazer a prova. No caso do TCS, cães vira-lata podem participar desde que sejam microchipados, mas para os de raça, apenas cães com pedigree emitido pelo próprio CBKC podem ser avaliados.
O próximo critério na lista de pré-requisitos, são as vacinas. Para o TCS é preciso que o cão esteja com as vacinas em dia para preencher o formulário - informação essa que consegui falando com participantes, pois esse pré-requisito não consta no regulamento. Para o SPOT, é recomendado que os cães tenham todas as vacinas, mas até onde consegui pesquisar não é exigida nenhuma prova concreta do status de vacinação do animal para fazer a prova. Para o CGC, nenhuma prova é exigida, mas no termo de responsabilidade a ser assinado, está implícito que você mantém seu cão em dia com as vacinações do seu estado. Como nos Estados Unidos cada estado tem suas próprias exigências em relação a saúde de animais pet, é uma decisão compreensível por parte do AKC.
O número do microchip é exigido no formulário de inscrição do TCS (novamente uma informação que não consta no regulamento mas que me foi passada por participantes que foram avaliados), no SPOT microchip não é mencionado, e no CGC ele é exigido para registro do cão no kennel clube, então para esses cães será necessário.
Dos 3 testes, apenas o CGC exige que o dono do cão assine um termo de responsabilidade. Isso se alinha muito bem com a proposta do CGC como um programa de incentivo a posse responsável e não só uma prova de comportamento.

Nesta próxima tabela, vemos uma comparação dos tipos de premiação permitidas (ou não) durante a prova. As três provas permitem o uso da voz, com conversas e elogios ao cão: o CGC e o SPOT explicitamente mencionam a proibição do uso de comida, enquanto o TCS permite tanto comida quanto brinquedos! O toque é permitido em todas as provas, e o uso de brinquedos é implicitamente proibido no CGC, e explicitamente proibido no regulamento do SPOT.

Para correções durante a prova, apenas o CGC menciona a proibição de correções verbais por meio do uso de tom de voz duro ou intimidador, que no fim das contas, vai ser julgado pela impressão pessoal do avaliador, já que não consta no regulamento nem no manual do avaliador uma descrição objetiva sobre como julgar isso.
Em relação a correções de guia, SPOT as proíbe, enquanto o CGC permite “leves correções” a critério do avaliador e o TCS não faz menção a esse tipo de correção no regulamento, mas baseado nos depoimentos de conhecidos que participaram da prova, o árbitro permitiu correções de guia.
No quesito de manipulação ou correções físicas, o CGC as proíbe, enquanto nem o TCS nem o SPOT as mencionam no regulamento. No caso do SPOT porém, lendo o manual de avaliação podemos concluir que leves manipulações são geralmente aceitas enquanto correções físicas não.



Aqui temos uma visualização dos equipamentos permitidos durante as provas. No caso da e-collar, ela não é mencionada no regulamento de nenhuma prova, mas considerando que esse produto é ilegal em muitos locais de prova do SPOT podemos considerar que seu uso não seria permitido, e por ser considerada uma coleira de treino pelo AKC podemos presumir que ela também não é permitida no CGC. No caso do TCS, fui informada que prong e e-collar não são permitidas em nenhum tipo de evento de obediência ou competição da CBKC.
O CGC menciona a proibição de peitorais que restrinjam o movimento do cão, eliminando peitorais em 8 ou americanas assim como qualquer modelo anti-puxão, com SPOT mencionando especificamente qualquer modelo que seja vendido com esse nome. O TCS menciona que peitorais são permitidas sem menção a qualquer modelo.
Para uso de guias, o TCS não menciona nenhum tipo de guia, apenas materiais, enquanto o CGC e SPOT especificam alguns modelos que não são permitidos, seja no regulamento ou manual de avaliação.

E finalmente, uma comparação lado a lado de cada item testado em cada uma das 3 provas.
Todas as provas testam a reação do cão a aproximação, e tolerância ao toque de uma pessoa desconhecida, mas o critério para passar neste exercício difere em cada prova. Também é testado em todas as 3 provas a reação do cão avaliado a um cão desconhecido - sem interação direta entre os cães. O SPOT, sendo de longe o que tem os critérios mais baixos dentre as 3 provas.
Tanto o TCS, quanto o CGC e o SPOT avaliam a capacidade do cão de andar com a guia frouxa acompanhando seu dono. O TCS e o SPOT tem caminhos pré-determinados para ver como o cão acompanha seu dono em curvas e meia voltas, enquanto no CGC o avaliador irá ditar mudanças de direção e velocidade arbitrariamente no dia da prova.
O SPOT não oferece um exercício onde o cão é avaliado andando com guia frouxa entre pessoas que simulam uma multidão. No TCS as pessoas estão inicialmente paradas, e em uma segunda parte do exercício, em movimento. Apenas o CGC menciona em seu manual para avaliadores que as pessoas da multidão devem propositalmente se vestir com itens que são conhecidos por causar reatividade, e a única prova que recomenda-se que os voluntários ou assistentes da multidão usem objetos como muletas, sacolas e comportamento errático durante o exercício para fabricarem distrações
No CGC há um exercício onde o dono sai de vista e deixa o cão para trás, que pode ser feito no TCS, mas é opcional: com a pessoa podendo optar pelo uso da caixa de transporte para este item. O SPOT não avalia o comportamento do cão na ausência de seu dono. O SPOT e o TCS tem teste com caixa de transporte, mas ele não é obrigatório, com a pessoa podendo optar pelo exercício de separação entregando a guia para o avaliador, no TCS ou por usar um cercado no SPOT.

Todas as 3 provas testam os comandos “senta”, “deita”, “fica”, e “vem” com variado rigor em seus critérios de avaliação.
Quanto a reação a distrações, os 3 testes oferecem um exercício para avaliar o comportamento do cão enquanto está parado, e de maneiras diferentes, todos testam o cão também em movimento, com o SPOT e o TCS tendo itens específicos para este fim, enquanto o CGC inclui essa análise no item onde há uma multidão de pessoas.
Apenas o SPOT inclui a avaliação do comando “deixa”, remoção e recolocação da guia, e passagem segura por uma porta ou portão.
Todos os testes incluem itens onde o cão precisa tolerar o toque do avaliador, com diferentes níveis de dificuldade, sendo o CGC o mais difícil por simular um exame de árbitro de conformação, incluindo toque nas orelhas, boca, patas, rabo, dorso e barriga. Apenas o SPOT não inclui escovação nesta parte.
O TCS tem 7 itens de teste, enquanto o SPOT e o CGC tem 10 cada um. Apenas o TCS não menciona a possibilidade de acomodações para pessoas e cães deficientes, o que não quer dizer que exceções não sejam feitas, mas o regulamento não prevê modificações na prova por este motivo.
Aqui nesta última tabela, podemos comparar item a item, e vou explorar melhor ela na próxima parte do artigo, junto com opiniões e pitacos do meu ponto de vista.

Espero que estas tabelas e as breves revisões tenham ajudado a cimentar uma boa comparação entre as 3 provas! Na próxima parte do artigo, algumas conclusões, umas comparações com mais juízo de valor, e várias opiniões que ninguém pediu.
A sua opinião, porém, eu to pedindo sim! Comenta aí suas impressões das provas, agora que estão organizadas em uma comparação!
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