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Conheça o Equipamento 02: Uma breve história da Coleira canina

  • Foto do escritor: Haroldo Fala
    Haroldo Fala
  • 21 de set. de 2021
  • 5 min de leitura

Hoje usada principalmente como acessório fashion e equipamento para pendurar a plaquinha de identificação, a coleira nem sempre teve essa finalidade.


As variações de uma ferramenta, especificamente a ornamentação e a função, podem refletir os valores de um povo, e no caso das coleiras, podem ser bastante reveladoras sobre o papel que os cães desempenham e como são vistos em diferentes períodos históricos e culturais. Falando em números, a maioria dos cachorros de hoje em dia não tem mais uma função ou trabalho, e são em sua maioria cães domésticos de companhia, por isso hoje, a principal função da coleira é afirmar a posse do animal, e ser um acessório decorativo.


Mas e então, quem inventou, ou de onde surgiram as coleiras para cachorro? Como elas eram em outras épocas, em outros lugares?


Evidências arqueológicas sugerem que os egípcios foram os primeiros a introduzir a coleira de cachorro; esses primeiros acessórios datam de 5.000 aC. e aparecem em muitos painéis e ilustrações. No antigo Egito muitos animais eram venerados e em geral mais estimados do que na maioria das outras culturas contemporâneas, e as coleiras que usavam em seus cães refletiam esse valor.



Acredita-se que a coleira foi desenvolvida durante o Império do Meio (2040-1782 aC) e eram puramente decorativas, confeccionadas como obras de arte, celebrando os cães por meio de desenhos e ornamentações detalhadas.


Associados ao deus-chacal Anúbis, os cães tinham muito status, e as famílias reais usavam jóias e metais preciosos nas coleiras de seus cães como forma de honrar o Deus da Morte. Arqueólogos encontraram uma coleira com o nome “Tantanuit” e pode ser que essa seja a primeira instância registrada da prática de colocar o nome de um cachorro em sua coleira.


Na Mesopotâmia antiga os cães eram associados a Gula, a deusa suméria da cura e da saúde, porque acreditava-se que eles se curavam apenas lambendo suas feridas. As coleiras colocadas nos cães mesopotâmios também representavam o respeito pela divindade que representavam, com desenhos detalhados, e cravejadas de joias e metais preciosos.



Na Pérsia antiga os cães já exerciam muitos papéis importantes, como pastoreio, proteção, caça e companhia - os cães da classe alta usavam “adornos de ouro” e recebiam linho fino para vestir - enquanto as coleiras das classes baixas eram feitas de couro ou tecido simples, mais ligadas a função de cada cachorro.



Historiadores afirmam que a relação comercial de longa data do Egito com a Grécia influenciou a estética da coleira grega, que passou a ser usada não apenas para controlar o animal, mas também para proteger os cães de predadores como os lobos durante seus trabalho de pastoreio.

A antiga invenção grega da coleira de corrente e da coleira com espinhos foi espalhada pela Europa e virou um acessório comum para cães de pastoreio, usada até os dias de hoje. Os cães que viviam nas cidades tinham suas coleiras com ornamentação elaborada e cores brilhantes, similar a como eram as estátuas gregas originais.



Já os romanos, além de pastoreio e proteção também usavam cães para atacar inimigos, e em esportes de caça, além de manterem uma tradição de luta entre cães, e para isso desenvolveram uma coleira com espetos do lado de dentro, voltados para o pescoço, projetado para enfurecer o animal e fazer com que ele atacasse quando a guia fosse puxada; esse dispositivo foi usado pelos romanos em seus jogos na arena: onde se divertiam ao assistir cães de grande porte caçando escravos e criminosos.



Cães de guerra usavam grossas coleiras de couro com pontas de ferro, e cães de corrida usavam coleiras coloridas de tecido leve.



De forma independente, a coleira para cães se desenvolveu na Mesoamérica, onde os Maias, Astecas e Tarascanos criavam os cães tanto como fonte de alimento, quanto para proteção e como animal espiritual de companhia.


Os astecas acreditavam que os cães eram anteriores aos humanos e mereciam o mesmo nível de respeito que se deve aos mais velhos.

Em todas as três culturas eram considerados uma espécie de ponte entre o mundo civilizado dos seres humanos e o mundo natural dos espíritos e dos deuses.


Na China e no Japão, o cão como espírito animal e protetor se reflete em suas coleiras, muitas vezes ornamentadas com amuletos e, principalmente, com pequenos sinos, que acreditavam ​​afastar fantasmas e espíritos malignos.



Na Escandinávia, os nórdicos consideravam os cães defensores espirituais, enquanto na Europa foram por muito tempo considerados pouco mais do que bestas utilitárias, usados para puxar carroças, proteger a casa ou ganhar dinheiro nos campos de combate.

As coleiras da época refletem o status e a ocupação do cão, com coleiras de alta qualidade para cães ricos, mas, ainda assim, principalmente utilitárias.


Cristóvão Colombo, fez muito uso de cães de caça para auxiliar o genocídio dos povos nativos, seu animal preferido eram seus Mastiffs, que adornava com coleiras de couro grossas com tachas de metal ameaçadoras que aumentavam ainda mais seu aspecto assustador.

Cães grandes de caça também foram usados na “conquista” do México pelos espanhóis, que usavam coleiras reminiscentes das coleiras romanas de cão de guerra.



Os celtas desenvolveram uma coleira de banda larga para controle de cães grandes e as tribos nativas americanas da América do Norte desenvolveram o arreio canino, pois usavam cães para puxar trenós e carroças.


Mais recentemente na história, começamos a ter evidências de texto nas coleiras. Quando o cachorro se popularizou como animal doméstico, e quando começaram a surgir as cidades, as coleiras geralmente tinham o nome do dono (as pessoas evitavam usar o nome do cachorro, com medo que alguém pudesse ler e chamar o cão, tornando-o um alvo fácil de roubo).



Mas o nome do proprietário do cachorro não era a única coisa que escreviam nas coleiras. O famoso Cão de Pompéia tinha uma coleira que descrevia como o filhote protegeu seu dono de um ataque de lobo. Na Idade Média, palavras eram usadas para identificar o “trabalho” específico do qual um cão era encarregado.


Na Renascença, coleiras com cadeados surgiram como uma moda canina proeminente, apenas o dono tinha a chave do cadeado: uma maneira muito efetiva de provar a propriedade.



Durante a Revolução Industrial, as coleiras começaram a apresentar mais informações sobre o cão que a vestia. Nome do proprietário, citações e provérbios espirituosos, dizeres populares, ou até pequenos contos de bravura ou orações de proteção eram populares na época.


Desde então as coleiras vem se diversificando em função, material e visual. E hoje vêm em várias cores, formatos, materiais e objetivos. Para citar algumas, temos a coleira lisa, a de espinhos, a de corda, a com alça, com LED, as de corrente, as prong e as eletrônicas, as anti-pulgas, as com GPS… No quesito decorativo, podemos até mesmo encontrar versões de coleiras cravejadas de cristais Swarovski, ou modelos que buscam o visual de modelos históricos com inspiração romana ou com técnicas de trançado Inca.



Ainda hoje qualquer coleira, independente da sua inspiração de design histórico, tem a mesma configuração: um material que vai em volta do pescoço do cão, que pode ou não ser ajustável ao tamanho (característica que surgiu depois que coleiras começaram a ser vendidas comercialmente em massa - antes eram feitas sob medida para cada cachorro individual) com um tipo de fecho, que pode ser dos mais variados materiais, e um ou mais anéis, para que se prenda uma plaquinha de identificação, ou guia, alem de poder possuir variados detalhes, acessórios ou decorações podem estar presentes também.


A coleira de cachorro tem uma longa história, e sua função na sociedade ainda diz muito sobre a relação do ser humano com o cão. Você conhecia a função das coleiras nessas culturas? Acompanhe o blog que mais pra frente vamos fazer um mergulho na história e função de cada tipo de coleira!



 
 
 

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© 2021 por Juliana Vianna e Silva AKA Ripley Riot  - Site atualizado em 07 de Julho 2024

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